sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Divulgação do Manual da Caloura



COMO TE DERAM AS BOAS VINDAS AO ENTRAR NA UNIVERSIDADE?

Começaram as aulas na Universidade! É hora de trotes e calouradas para integrar os novos alunos, conhecer gente nova, com pensamento crítico, pessoas esclarecidas... Opa! Há controvérsias. As expectativas, ao pensar que a universidade é um espaço da livre expressão e que está livre de opressões e violências, se desfazem rápido quando se deparam com os famosos leilões de calouras e com a difícil vivência nos cursos da área tecnológica onde a maioria dos alunos é homem.
A academia não está descolada da sociedade. Muito pelo contrário. É o campo da produção e reprodução de relações também, pois é nela que se constroem pensamentos, teorias, ou se reforça velhos e conservadores pensamentos. Prova disso é que recentemente temos visto vários trotes machistas, racistas, fascistas em algumas universidades Brasil a fora. Tais manifestações, muitas vezes, passam despercebidas por nós já que acreditamos que não representa nada de mais além de uma brincadeira para socializar calouros e veteranos. No entanto determinadas “brincadeiras” podem estar carregadas de um discurso e de uma forma de relação de poder desigual entre homem e mulher na sociedade: é o Patriarcado. As expressões do patriarcado em um trote são reconhecíveis, por exemplo, quando se põe uma mulher de quatro com uma coleira no pescoço e saem “passeando” com ela (só para não deixar dúvidas de que é um homem que tem que estar puxando as “cachorras”); os leilões para “vender” as calouras e quando pintam uma mulher de preto, a acorrentam e exibem o feito com o orgulho que só um senhor, branco e escravocrata teria. Enfim, exemplos não faltam.
Pensando sobre isso, nós da Frente Feminista Clara Camarão do Levante Popular da Juventude Potiguar, movidas pela vontade de enfrentar esse tipo de ação na universidade e inspiradas pelo Manual da Caloura da USP, produzimos nosso próprio manual em formato de zine trazendo as várias expressões das opressões em regras e lançamos nesta quinta-feira 08/08 a tarde na UFRN. O objetivo foi mostrar como as calouras são recebidas (percepção e reconhecimento de trotes e calouradas machistas) e dar visibilidade como as mulheres avaliam sua vivencia e condições de permanência na universidade. Foi um espaço tranquilo e dedicado a escuta das meninas a fim de saber se e como elas percebem as opressões sobre a mulher na universidade no que tange ao racismo, a lesbofobia, assistência estudantil para as mulheres grávidas e mães, os trotes, as calouradas e a divisão sexual dos cursos.
A dinâmica do espaço e a proposta do manual como foi produzido trouxe uma boa resposta, pois através da exposição e reconhecimento de que todas vivenciaram/vivenciam ou conhecem alguma amiga que vivenciou situações de opressão, a nossa Frente Feminista só está mais cheia de ideias para mostrar o nosso projeto feminista e popular. Nesse sentido, já estamos pensando e articulando intervenções, agitações e formações para incentivar o debate, questionamentos e enfrentamento da manifestação de relações desiguais de gênero, raça e classe na academia.

"Estamos na universidade para lutar por um projeto feminista e popular!"
Frente Feminista Clara Camarão-LPJ Potiguar

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