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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Iniciativa de Reis







        O Boi de Reis, com uma lenda mesclando uma cultura portuguesa e africana, tem uma tradição muito forte de sua música e dança em nosso folclore brasileiro. Utilizando-se de uma música com um ritmo bem dançante, acompanha uma mistura de zabumba, rabeca e triangulo, vem sendo conservada por algumas pessoas de geração em geração. Um bom exemplo é a história de Dona Iza, que tendo conhecido a dança pelo seu marido Manuel Lopes Galvão (o mestre Manoel Marinheiro, como era conhecido), continua compartilhando essa cultura para todos.
        Manoel Marinheiro recebeu a tradição dessa dança popular através de seu pai, e assim, sempre tentou continuar com essa cultura. Casou-se com a Dona Iza no Rio de Janeiro, e veio para o Rio Grande do Norte logo depois. Com ela, formou uma casa popular para propagar essa tradição, e até hoje essa casa tenta passar para a comunidade de Felipe Camarão toda a história da dança. Morreu em 2001, mas Dona Isa manteve firme seu legado.
        Com a falta de políticas públicas efetivas que garantam a continuidade dessa tradição do bairro de Felipe Camarão, o Boi de Reis permanece vivo graças a algumas iniciativas populares. Projetos como o Conexão Felipe Camarão também tentam não deixar essa tradição morrer.
        Por causa dos personagens e as letras das canções terem um cunho religioso, se baseando principalmente nos 3 reis magos, a dança tem relação com o Dia de Reis (06 de janeiro, feriado em Natal). E por isso, o Levante Popular da Juventude, chegou junto a essas iniciativas para tentar reviver a tradicional festa do Bairro que não ocorre mais.
        Com muita música, história, felicidade e memória o Levante Popular da Juventude participou junto com os jovens do bairro de um festejo em saudade ao Mestre Manuel Marinheiro, uma singela homenagem a nossa cultura popular ouvindo os causos de Dona Iza sobre a Dança do Boi de Reis, que costurando, dançando e ensinando demonstra que as palavras do Mestre estavam corretas: “o artista não morre, se muda”.

BOI DE REIS,PASTORIL E MUITO MAIS

O boi, a Burrinha e o Jaraguar
Fazem um bonito trio
Na dança vão brilhar,
Não há calor ou frio
Que os impeçam de bailar.

O Boi é majestade,
A Burrinha come milho,
O jaraguar não é de verdade,
Esse bicho é bonito!

E se Catirina duvidar
O Birico corre atrás dela
Fazendo-a acreditar
Que essa história não é lenda.

Venha logo para essa ciranda
O palhaço vai te buscar,
Venha logo pra essa dança
A Diana quer brincar!

MARA FARIAS

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Nota do Levante Popular da Juventude em Apoio ao DCE da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA



O Levante Popular da Juventude vem por meio deste reforçar seu apoio a iniciativa do Diretório Central das e dos Estudantes (DCE), da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), que no dia 03 de dezembro de 2013 mais uma vez deu-nos uma demonstração de seu protagonismo, criatividade e ousadia ao construir dentro da universidade espaços de cultura para a comunidade acadêmica e externa realizando o I Festival de Cultura da já referendada universidade. 

No entanto, a realização do evento dentro das dependências da universidade, inesperadamente não agradou a alguns grupos do corpo discente, principalmente devido a iniciativa da comissão organizadora em promover na primeira noite da realização do evento, a disponibilização de pinceis e tinta para que os participantes pudessem expressar suas reivindicações em alguns muros da UFERSA. Enquanto uns cantavam, outros recitavam poesia, já alguns pitavam frases que denunciavam as injustiças e as opressões sociais que tanto nos afeta, mas que também expressavam a alegria e irreverência típica de uma juventude que quer protestar, mas também quer se divertir. O muralismo, portanto, naquele momento, se configurava como mais uma forma de expressão artística da juventude, como tantas outras.

Acusados de vandalismo, e de depredação de prédio público, isso foi o mínimo do que se ouviu de uma minoria, que não gostou da iniciativa do DCE. Para além disso, alguns aproveitaram para realizar a crítica utilizando-se de comentários preconceituosos exaltando mais uma vez a homofobia e a criminalização dos movimentos sociais, quando nos dias que se seguiram ao muralismo teve início nas redes sociais e na própria sala de aula a perseguição e discriminação dos organizadores e das organizadoras e participantes na ocasião da realização do I Festival de Cultura.         

A universidade deve ser entendida como um espaço não apenas da construção de saberes acadêmicos, mas também de formação de sujeitos coletivos e individuais. Esse é um momento em que muitos de nós, nos defrontaremos com dilemas éticos e morais, e será nossa posição diante desses quem dirá quem realmente somos e no que acreditamos. O preconceito e a reprodução irrefletida deste só demonstra a nossa ignorância e a intolerância com as diferenças.  

O desafio que se coloca para todas e todos nós nesse momento, é, inicialmente conseguirmos abrir um canal para dialogar sobre nossas diferenças de concepções de mundo, e aí quem sabe no futuro, poderíamos nos unirmos e lutar lado-a-lado por uma universidade e uma sociedade verdadeiramente nossa, livre da intolerância e do preconceito, que para nós, serão sempre injustificáveis.




Levante Popular da Juventude,
11 de Dezembro de 2013


Fotos de Jackson Angell