segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Comissão da Verdade da UFRN será instalada nesta terça-feira, 18

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) vai realizar a solenidade de instalação da Comissão da Verdade da UFRN, na terça-feira, 18, às 17h, no auditório Otto de Brito Guerra, na Reitoria. O objetivo é examinar e esclarecer as violações aos direitos humanos cometidas no período da Ditadura Militar no Brasil.

A Comissão da Verdade da UFRN vai apurar os abusos aos direitos humanos no período do Regime Militar, que foi de 1964 até 1985, investigando especialmente os crimes sofridos por membros da comunidade acadêmica, como professores, servidores e estudantes da UFRN.

A presidência da Comissão ficou a cargo do professor Carlos Roberto de Miranda, que juntamente com membros de diversos setores da Universidade, irá investigar e buscar os fatos ocorridos naquela época. As pesquisas serão baseadas em obras literárias, documentos internos e externos da UFRN, além de depoimentos de pessoas que viveram nesse período ou de conhecidos que sofreram alguma penalidade.

Outra questão que será abordada pela Comissão é a procura pelos documentos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que foi criada na Ditadura instaurada pelos militares no Brasil, com a função de manter o controle do cidadão, vigiar as manifestações políticas e exercer o papel de órgão policial. O DOPS deixou diversas informações como ofícios, relatórios, radiogramas e livros que hoje servem como pesquisa histórica.

Também será investigada a Assessoria de Segurança e Informações (SRI), que produzia documentos dentro dos ministérios civis e dos organismos e empresas federais.

* Fonte: Agecom/UFRN

Carta agradecimento a Menção Honrosa do Prêmio Nacional de Direitos Humanos


Rondó da Liberdade
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que revoltam contra a
escravidão.
Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
O homem deve ser livre...
O amor é que não se detém ante nenhum
obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais
livre
em todas as gamas do humano sentimento.
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.



             É com muita humildade e alegria que nós do Levante Popular da Juventude recebemos a Menção Honrosa da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República. Agradecemos também a indicação realizada pela companheira Maria Amélia Teles e pelos companheiros Fábio Konder Comparato, Perly Cipriano, Paulo Henrique Amorim, Fernando Morais e João Pedro Stédile.
Nos últimos anos tivemos no Brasil importantes avanços na luta por memória, verdade e justiça. A instauração da Comissão Nacional da Verdade, com o objetivo de evidenciar a memória daqueles\as que lutaram contra a Ditadura Militar, e que foram torturados, assassinados e tiveram seus corpos desaparecidos, faz parte da construção da verdade histórica e da reconstrução da memória de nosso povo.
A Ditadura Militar em nosso país foi responsável por exterminar uma geração de jovens que ousaram sonhar com a construção de um país justo e soberano. Além disso, a Ditadura consolidou um projeto de desenvolvimento conservador baseado na exclusão do povo brasileiro, em detrimento dos interesses de uma pequena elite, sem projeto de nação, subordinada aos interesses estrangeiros.
Nós que recebemos hoje essa premiação temos a certeza de que este é só mais um passo nessa caminhada. Apesar dos avanços, várias das contradições permanecem. O Brasil ainda é o segundo país com maior concentração fundiária no mundo. 10% da população brasileira é composta de analfabetos. Somente 14% de nossa juventude tem acesso ao ensino superior. E menos de dez grupos controlam grande parte dos meios de comunicação de massa, agindo como verdadeiro partido das nossas elites.
É necessário, portanto, a construção de um projeto popular para o Brasil. Um projeto de desenvolvimento popular que democratize o acesso à terra, ao conhecimento, a cultura e a informação, que ponham fim a condição de país subdesenvolvido e dependente. Por isso nos levantamos. Dilma, a juventude quer mudanças estruturais neste país!
Nesse sentido, nos somamos aos diversos movimentos populares, indígenas, quilombolas, centrais sindicais, aos movimentos feministas, entidades de direitos humanos, às Igrejas progressistas, aos partidos políticos e demais organizações que vão às ruas lutar por seus direitos e por um outro modelo de sociedade.
Nos solidarizamos com a luta dos povos Guarani-Kaiowá, ao Quilombo Rio dos Macacos; e exigimos justiça no julgamento que ocorrerá em janeiro dos cinco camponeses Sem-Terra chacinados em Felisburgo. Em especial, queremos nos solidarizar com D. Pedro Casaldáliga, que tem sido constantemente ameaçado de morte, por latifundiários, sendo obrigado a se esconder por defender que a terra é um bem comum.
Por fim, queremos denunciar o extermínio da juventude negra e pobre que está ocorrendo na periferia das médias e grandes cidades, vítimas da ação das polícias militares, do tráfico e da ausência de políticas públicas que possibilitem a construção de uma vida digna para os jovens.
Por isso, levantamos nossa mão esquerda em sinal de Basta de violência e extermínio da juventude! 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Instituída a Comissão da Verdade da UFRN


Foi instituída a Comissão da Verdade da Universidade Federal do Rio grande do Norte com a finalidade de efetivar o direito à memória e à verdade histórica visando colaborar com a Comissão Nacional da Verdade da Casa Civil da República.

Os integrantes da comissão são: Carlos Roberto de Miranda Gomes (presidente), Ivis alverto Lourenço de Andrade (vice-presidente), Almir de Carvalho Bueno (professor associado), Justina Iva de Araújo (professora adjunta aposentada), Danyelle Rosana Guedes (aluna do curso de pedagogia), Maria Ângela Fernandes Ferreira (professora associada) e Moisés Alvez de Souza (vigilante). 

A comissão terá a participação de 10 alunos bolsistas. Serão 4 alunos de História, 2 de Direito, 2 de Ciências Sociais e 2 de Ciências da Informação(biblioteconomia). Esses alunos devem estar cursando a partir do 3º período e que tenham experiências em pesquisa histórica e conhecimento de informática. Os interessados devem entrar no SIGAA, se cadastrar em: “Oportunidades de bolsas”, colocar “Gabinete do Reitor” e aparecerá a oportunidade de bolsa para trabalhar na comissão da verdade. Dúvidas entrar em contato com Kadma Maia pelo email: kadmamaia@reitoria.ufrn.br

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ganhamos o Prêmio de Direitos Humanos Estadual (RN)


Momento importante para a nossa organização!!!!
Vale salientar que ainda fomos reprimidos no ato do prêmio, esconderam nosso megafone,não deixaram que entrássemos portando bolsa sem que antes fosse revistada,nem com nossas bandeiras. O mais legal é que na hora do nosso discurso,escrachamos o que estava acontecendo e o presidente da mesa pediu que todos entrassem com o que quisesse no plenário.


Mensagem de Aton Fon Filho

É claro que eu sou suspeito para falar do Levante Popular da Juventude.
E, o que é pior, não me envergonho de dizê-lo.

Antes, me orgulho.
Orgulho-me de dizer que nesta terra existem homens e mulheres que, como o povo de Canudos e os Cabanos; como Felipe Camarão e Vidal de Negreiros; como a Coluna Prestes e os Expedicionários da FEB, resgatam a bandeira da liberdade.
E, com isso, eu sou suspeito para falar do Levante Popular da Juventude.
Eu sou suspeito para falar do Levante Popular da Juventude, porque a Memória, a Verdade e a Justiça são ainda somente uma aspiração, uma aspiração que em seus cantos, suas marchas, seus escrachos encontram o veio da concretização.
Por isso, companheiros e companheiras, eu sou suspeito para falar do Levante Popular da Juventude.
Eu sou suspeito para falar do Levante Popular da Juventude porque na periferia de nossas cidades, nossa juventude pobre e negra está sendo assassinada pelas forças policiais e os tambores e as latas, as camisetas e as batas do Levante Popular da Juventude gritam alto que estamos em jornada de organização de nosso povo para resistir.
Como não ser suspeito para falar do Levante Popular da Juventude?
Eu sou suspeito para falar do Levante Popular da Juventude, porque houve um Emmanuel Bezerra dos Santos e um Luiz Maranhão, uma Soledad Barrett e uma Jana Moroni que vieram antes, mas que renascem nas vozes e gestos, carícias e afetos de homens-meninos, meninas mulheres que não se cansam de ser patriotas e querer a liberdade.
Suspeito, para falar do Levante Popular da Juventude, trago de longe minha palavra a essa festa.
Uma festa de gente suspeita. Gente que não se envergonha de falar em Direitos Humanos e defender a igualdade.
Gente que festeja em dezembro a possibilidade de caminhar juntos para fazer real a esperança de um mundo melhor.
Gente que, no mínimo, enche o peito de orgulho para cantar os versos do hino: “Mas, se ergues da Justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge a luta”.
Hummm. Gente que, no mínimo, também seria suspeita para falar do Levante Popular da Juventude.
Essa gente! Esse Levante Popular da Juventude! Esses Brasileiros!
Meus irmãos!
Pátria Livre! Venceremos!


''O levante popular da juventude se sente orgulhoso de  estar recebendo hoje esse prêmio, mas estamos mais orgulhosos em saber que a busca pela verdade do que ocorreu nos anos de ditadura, não acabou.
O levante tem em mente a ideia de que a ditadura nos deixou uma herança da qual não nos orgulhamos,principalmente uma polícia militarizada, o extermínio da juventude negra e pobre das periferias a criminalização dos movimentos sociais e o fato de se construir mais cadeias que escolas.
Esperamos que esse prêmio seja um incentivo à busca pela verdade, que os verdadeiros heróis do Brasil sejam reconhecidos e que a história sombria dos anos de ditadura não se repita...''

"Mas ninguém se rendeu ao sono.
Todos sabem (e isso nos deixa vivos):
a noite que abriga os carrascos,
abriga também os rebelados.
Em algum lugar,não sei onde,
numa casa de subúrbios,
no porão de alguma fábrica
(neste exato momento na câmara municipal)*
se traçam planos de revolta".

Pedro Tierra

* verso adicionado por João Paulo no momento da leitura da poesia.

É PRECISO NÃO TER MEDO,É PRECISO TER A CORAGEM DE DIZER...



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Levante Popular da Juventude RN ganha Prêmio Estadual de Direitos Humanos


Natal(RN), 12 de Novembro de 2012
                                                
                                                Prezados(as),
 
 
                                                   O CDHMP, Centro de Direitos Humanos e Memória Popular, tem a honra de convidar V.Sa., para a Solenidade de Entrega do XIX Prêmio Estadual de Direitos Humanos e XVI Prêmio Jornalístico de Direitos Humanos. O evento será realizado no dia 04 de Dezembro de 2012, às 18:00h, no Plenário da Câmara Municipal de Natal.
                                                 Esse ano o XIX Prêmio Estadual de Direitos Humanos será entregue ao movimento LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE-RN, uma Organização de jovens militantes comprometidos com as lutas em busca de transformação da sociedade. Já o XVI Prêmio Jornalístico será entregue, jornalista e ativista político, DANIEL DANTAS LEMOS, do Blog De Olho no Discurso, militante que sempre teve comprometido com a defesa da liberdade de expressão e pela luta por democracia e justiça.
                                         O Prêmio Estadual de Direitos Humanos foi criado em 1994, em homenagem ao militante e ex-desaparecido político Emmanuel Bezerra dos Santos, e tem o objetivo de agraciar aquelas pessoas ou Entidades comprometidas com os Direitos Humanos, as liberdades democráticas e a defesa da vida. Já o Prêmio Jornalístico de Direitos Humanos foi criado em 1997, com o intuito de homenagear os jornalistas identificados com a causa e a promoção dos Direitos Humanos e da Cidadania.
 
                                                Nesse sentido estamos contando com sua participação em tão importante evento em busca do fortalecimento dos Direitos Humanos e dos ideais da Verdade e da Justiça.
                                          
                                                Atenciosamente,
                                         Roberto de Oliveira Monte
                                           Coordenador - CDHMP

Ato-Show em solidariedade aos estudantes processados por torturador


Quando só se esperava da juventude a sua quota-parte no consumo desenfreado, surgiu o anúncio: é tempo de reescrevermos nossa história. É preciso contá-la pela ótica dos(as) brasileiros(as) que, de fato, lutaram pela liberdade.
Essa, sem dúvida, foi a marca impingida pelo movimento Levante Popular da Juventude quando realizou/realiza os escrachos. Anunciou-se o repúdio contra os que se regozijaram com a ditadura, contra a liberdade. Mais: foram escrachados os que, além de apoiarem o golpe, torturaram seus opositores ou quaisquer acusados.
No Brasil, inúmeros foram os escrachos e os apoios respectivos. Muitos também foram os denunciados. Em regra, no máximo, esses “lesas-pátrias” espernearam em seus meios de comunicação privados. Afinal, hoje, o status de torturador não lhes confere legitimidade; é inoportuno.
Em Sergipe, no entanto, fez-se a exceção. O torturador denunciado, o médico Dr. José Carlos Pinheiro, acreditou ser possível apagar seu passado processando alguns estudantes que o denunciaram. Acreditou, ainda, na covardia dos torturados, na conivência das instituições e na intimidação das manifestações populares.
Os torturados – para ele – ocultariam suas próprias histórias e sucumbiriam ante suas pressões marginais. As instituições, por sua vez, notadamente o Judiciário, dada a influência de sua família, o tomaria como “amigo do rei”. O povo, nesse compasso, sequer saberia que o diretor do Hospital e Maternidade Santa Isabel foi servil às torturas.
Entretanto, os torturados não são covardes, pois já há alguns pronunciamentos (especialmente de Marcélio Bomfim) na blindada mídia sergipana, e as manifestações populares só aumentaram. Quanto às instituições, acredita-se que as participações da OAB (da qual o sergipano Cezar Britto fora recentemente presidente) e da Comissão Nacional da Verdade – já oficialmente comunicadas –, dentre outras, como o Ministério Público Federal, são fundamentais, inclusive para garantia da lisura do processo e dos procedimentos judiciais.
Ao tempo em que o caso tem como palco o tribunal, seu cenário é mais amplo e exige o envolvimento do máximo de atores possível.
Nesse sentido, o próprio Levante Popular da Juventude, a CUT, sindicatos, outros movimentos sociais, partidos políticos e mandatos populares organizam um Ato-Show, para o dia 05 dezembro de 2012, a partir das 15h na praça Fausto Cardoso, em solidariedade aos estudantes processados e em homenagem aos 101 anos de Carlos Marighella. O evento contará com a participação de João Pedro Stédile(coordenação nacional do MST), ex-presos políticos, artistas e bandas musicais (os sergipanos Chico Queiroga e Antônio Rogério, Heitor Mendonça,  Alex Sant'Anna, Lupécio Damasceno, a banda Alunte e muito mais; do Rio Grande do Sul, Pedro Munhoz).
Assim como os escrachos, esse é mais um momento de luta pelos direitos à memória, verdade e justiça. Com manifestações desse tipo, reescreve-se a história dos jovens que outrora lutaram por liberdade e destaca-se que os apelos do consumo não esgotam o sentido da luta da juventude pela liberdade.
Pelo direito à memória, à verdade e à justiça! Para que não se esqueça; Para que nunca mais aconteça!

João Mulungu