quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CARTA - CONVITE: CURSO ESTADUAL DE COMUNICAÇÃO, AGITAÇÃO E PROPAGANDA - RN




Nos últimos meses a juventude brasileira viveu muita coisa. Coisas que nossa geração ainda não tinha vivenciado. Milhares nas ruas indignados com o sistema político, com a manipulação da grande mídia, com a falta de direitos e, principalmente, com o sistema de transporte.
Entretanto, aprendemos rapidamente que nada é tão simples. Não basta só nossa vontade de mudar as coisas se somar a nossa coragem de ir para as ruas. Isso ainda é pouco, quando temos contra nós: políticos financiados por grandes empresários e armados com uma policia truculenta, além de uma mídia poderosa que é capaz de tudo para nos atrapalhar.
São tantos problemas, nós estamos cansados... Mas como relacionar e entender os motivos que fazem um trabalhador demorar 2 horas pra chegar ao trabalho, que fazem a passagem do ônibus aumentar quando os donos das empresas de transporte querem, que tornam os políticos tão ‘incompetentes’ para administrar o dinheiro publico, que esquecem do SUS, que torna a educação de qualidade uma mercadoria bem cara, que quando o jovem tem pais com dinheiro ele vai ter seu futuro garantido, que tantos negros estejam morrendo nas periferias...
Diversos movimentos sociais estudam há muito, nossa sociedade e sabem as razões para tantos problemas, possuem até caminhos para transformar o Brasil! Mas por que será que tanta gente aceita tudo como está? Por que será que o povo não reconhece esses movimentos como referencia política? Por que será que a grande mídia sempre consegue fazer que a maioria pense como ela quer?
O Levante Popular da Juventude acredita que é necessário que a política se renove, que seja capaz de atrair o povo, de agitar, de explicar e confundir! A ditadura militar fez monstruosidades com nossa nação, e uma delas foi separar definitivamente os meios de produção e as técnicas e linguagens artísticas dos trabalhadores, enquanto incentivava a criação de um sistema nacional de televisão – Rede Globo.
Essa foi a distribuição desigual das armas para o duelo pela disputa da consciência do povo: os detentores do poder ficam com a televisão, e os movimentos sociais ficam com o trabalho de base, panfletos e carros de som.
Queremos mais! Temos o desafio de nos apropriar do Cinema (mesmo que começando em vídeos curtos no Youtube), do Teatro (Augusto Boal já nos ensinava que todos nós somos atores), das Artes Visuais (se nós não temos outdoor, temos muros brancos para pintar, grafitar e colar), das mídias sociais (por que será que Luciano Hulk, Paulo Coelho e Kaká são os mais curtidos no Face? O que será que eles têm de tão relevante para compartilhar?)
Pensando nisso, em 2013 o Levante Popular da Juventude organizou em todo o Brasil cursos estaduais de Comunicação, Agitação e Propaganda. Buscando retomar o histórico da agitação e propaganda, debater sua importância tática e capacitar tecnicamente a juventude para expressar suas ideias e projetos.
Nos dias 15, 16 e 17 de novembro em Natal, na Escola Municipal Verissimo de Melo em Felipe Camarão ocorrerá o curso estadual do Rio Grande do Norte que contará com, aproximadamente, 70 jovens do Levante Popular da Juventude, de Pastorais da Juventude e de movimentos de Mulheres e do Campo, de jovens de Mossoró, Macaíba, Natal e de João Pessoa, além de artistas e jovens que estejam interessados em ajudar e entender como os movimentos sociais se comunicam.
As vagas são limitadas, por tanto para participar é só se inscrever aqui! que você receberá a confirmação e todas as informações sobre o curso no e-mail ou nesse evento.
Aguardamos a juventude do projeto popular na certeza de que "A Natureza não é bela; belos são os olhos que a miram. 2008, 2009, 2010...2013 A noite cai sobre o mundo. Que fazer? Silenciar? Sinto sincero respeito por todos aqueles artistas que dedicam suas vidas à sua arte – é seu direito ou condição. Mas prefiro aqueles que dedicam sua arte à vida. Em defesa da arte e da estética, em tempos de crise e de paz. Arte não é adorno, Palavra não é absoluta, Som não é ruído, e as Imagens falam." Augusto Boal

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

À JUVENTUDE QUE SE LEVANTA

''Eu acredito é na rapaziada,
que segue em frente
e segura o rojão...''

O Brasil está às vésperas de fazer ENEM. Entre os dias 26 e 27 de outubro,milhares de jovens em todo país estarão se movendo para concretizar mais uma etapa de suas vidas. Para nós,militantes de esquerda,militantes do Projeto Popular significa mais um passo para travar lutas por uma educação acessível a toda população. Queremos cotas para enegrecer a universidade e lutar por bolsas permanências,queremos creches nas universidades para construirmos um feminismo popular nas salas de aula, queremos uma universidade popular para que o povo entre nela sem esse modo segregador de prova que só faz afirmar que a educação não é para todxs!
Por isso estamos organizados no Levante Popular da Juventude,temos a necessidade de transformar o país problematizando e discutindo todas as formas de opressão que a juventude está inserida.

O que nos une?

Certamente o que nos une são os valores ideológicos, a luta que queremos travar para construir outra sociedade. Mas o que é preciso fazer? Assumir o compromisso com essa luta. É claro que não é fácil, pois não é ao mesmo tempo e nem com as mesmas condições que todos nós vamos compreender que o compromisso com a luta precisa da doação, da entrega. Muitos se identificam, chegam junto, porém poucos permanecem, pois no caminho dessa nossa vida para alguns existem alguns desafios que a sociabilidade nos coloca e que às vezes não tem a possibilidade de se dedicar ao movimento, outros ainda não sabem priorizar sua participação no movimento e na luta, mas aos que já estão e permanecem na luta cabe dar o exemplo do que é o sacrifício, deixando, aos que seguem outro caminho, as portas sempre abertas.
Sendo assim, nós do Levante Popular da Juventude desejamos a todxs xs nossxs companheirxs muita tranquilidade para fazer uma boa prova. Pensem que o tempo que vocês tiveram para estudar já passou. Esses próximos dias até a prova é de relaxamento,sigamos em frente que a luta é todo dia.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ocupação em frente à Câmara Municipal de Natal




Decisão de acampar em frente à Câmara Municipal de Natal, é tomada após plenária do movimento "Revolta do Busão".

Hoje, 15 de outubro de 2013, ocorreu na câmara municipal a votação do veto do prefeito Carlos Eduardo ao projeto de lei do passe livre estudantil, quando o projeto foi vetado.
Foram 10 votos contra o veto do prefeito ,9 favoráveis e 6 abstenções.  Ainda que a maioria foi a favor da derrubada ao veto, pelo regimento da Câmara, era necessário 15 votos para que o projeto não fosse vetado.

Votaram a favor do veto: Albert Dickson, Julio Protásio, Adão Eridan, Chagas Catirino, Dago, Felipe Alves, Julia Arruda, Junior Grafith e Eudiane Macedo.  Contra o veto do prefeito foram elxs: Amanda Gurgel (PSTU), Sandro Pimentel (PSOL), Marcos Antônio (PSOL), Fernando Lucena (PT), Hugo Manso (PT), Jacó Jácome (PMN), Paulinho Freire (PROS), Franklin Capistrano (PSB), Rafael Motta (PROS) e George Câmara (PCdoB). Abstiveram-se de votar: Aquino Neto (PV), Aroldo Alves (PSDB), Bertone Marinho (PMDB), Eleika Bezerra (PSDC), Dickson Jr. (PSDB) e Ubaldo Fernandes (PMDB).

Apesar do veto, não desistiremos! Reconhecemos que só com luta é possível conquistar mudanças e se o povo se unir, o passe livre vai sair!
Nesta quarta-feira, 16 de outubro, ocorrerá às 09:00 hrs uma audiência pública  na Câmara Municipal, sobre o passe livre. Junte-se a nós!

Juventude que ousa lutar
Constrói o poder popular!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Estudantes ocupam a Prefeitura pelo Passe Livre


Nesta segunda-feira, 14 de outubro de 2013, a frente da Prefeitura de Natal foi ocupada por, aproximadamente 100 pessoas. A medida – organizada por diversos movimentos sociais – serve como resposta ao posicionamento da prefeitura depois da aprovação do Projeto de Lei que institui o passe livre para estudantes no transporte público.
Segundo o procurador Geral do Município, Carlos Castim, o prefeito Carlos Eduardo irá vetar o projeto, “será alegada usurpação de iniciativa”. Embora ele possua um prazo de 15 dias para anunciar a decisão oficialmente.
Esse projeto foi aprovado por unanimidade duas vezes na Câmara Municipal, o local onde assuntos sobre o município devem ser legislados, como é o caso do transporte coletivo.
Segundo Mara Farias, militante do Levante Popular da Juventude, “o povo não está mais interessado em desculpas burocráticas. Já faz anos que a população de Natal vai às ruas para questionar o transporte público. Todo ano o SETURN (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal) aumenta a passagem, sem nenhum aviso prévio e o povo se revolta, indo protestar. Foi assim que surgiu a ‘Revolta do Busão’ e que barramos o aumento diversas vezes. Mas já cansamos disso, queremos um projeto de transporte público que pense nas necessidades do povo e, principalmente, queremos poder ir e vir, queremos o PASSE LIVRE!”.

Depois de uma aula pública com teatro, batucada e poesias, na qual diversos profissionais qualificados e alguns vereadores explicaram a legalidade do projeto, os manifestantes e as manifestantes optaram por ocupar a rua em frente à prefeitura, até que o Prefeito Carlos Eduardo aprove o Passe Livre. 










domingo, 13 de outubro de 2013

O bairro de Felipe Camarão vai às ruas mostrar que "Toda forma de amor vale a pena"



Nesse dia 13 de outubro de 2013 aconteceu no Bairro de Felipe Camarão a 1º Parada LGBT que foi organizada pelo Grupo Gay de Felipe Camarão e pelo Levante Popular da Juventude. 
A parada tinha por objetivo lutar contra os crimes de homofobia, lesbofobia e transfobia no Bairro de Felipe Camarão, pois segundo organizadores da Parada esse casos de violência fazem parte do cotidiano do bairro. Uma realidade presente em todo o Brasil, 62% da violência homofóbica ocorre entre familiares e vizinhos, segundo dados divulgados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência.
Outra pauta do movimento foi reivindicar o respeito nos serviços públicos de saúde para população de Travestis e Transexuais garantindo a Portaria Nº 1820 de 13 de agosto de 2009 que trata do direito das e dos Travestis, Transexuais e Transgêneros usarem o nome social nas escolas, hospitais e postos de saúde.
De acordo com Tibério Oliveira militante do Levante Popular da Juventude “A parada LGBT de Felipe Camarão é de grande significado para os LGBT´s do bairro, pois só através da visibilidade, reivindicação, organização coletiva podemos conquistar direitos e é assim que fizemos, hoje saímos as ruas para lutar contra todas as formas de opressão”.

domingo, 6 de outubro de 2013

QUEREMOS PASSE LIVRE EM NATAL


Com muros cheio de histórias das lutas recentes do povo potiguar, a Câmara Municipal de Natal está sendo o palco da luta pelo transporte público gratuito de qualidade e que sirva às necessidades do povo natalense. O projeto de lei nº 98/2013, que prevê o passe livre estudantil, foi aprovado dia 1°  de outubro e entrará novamente em votação nesta terça-feira, dia 8 de outubro para apreciação das emendas,depois dessa votação espera-se a provação imediata do prefeito da cidade.
A luta pelo Passe Livre não se iniciou agora. Temos consciência que esse projeto de lei só teve força institucional para ser pautado graças à força social que o povo natalense construiu nas ruas, e que ele só avançará se continuarmos na luta para conquistá-lo.
Sabemos que o projeto de lei que está sendo votado na Câmara não abarca todas as nossas necessidades, mas temos clareza que é um avanço importantíssimo na vida dos estudantes da nossa cidade, filhos e filhas da classe trabalhadora que só tem acesso à educação, à saúde, à cultura em ambientes muito afastados de suas comunidades periféricas.
Vamos então à luta nesta terça-feira às 14h na Câmara Municipal de Natal pelo Passe Livre estudantil, e continuaremos em luta até que o transporte público seja gratuito e de qualidade! Afinal, ”Se o povo se unir, o PASSE LIVRE VAI SAIR.”

terça-feira, 1 de outubro de 2013

ESTÁ CHEGANDO A 1° PARADA GAY DE FELIPE CAMARÃO

O COLORIDO QUE EU QUERO VER

Porque ao meu ver a vida deve ser colorida,
Eu nasci desse jeito que vocês veem,
Sem muitas parafernálias ou afins,
Vejo o hoje e o ontem,não parecem iguais,
mas vocês me querem assim!

NÃO SEREI!

Eu gosto da natureza,dos animais,
de ir ao cinema e trabalhar,
Meus amigos são especiais
Eu prefiro amar e amar...
E talvez eu não seja isso tudo,
Por morar em outro lugar,
Com pouco acesso ao mundo
De não ver a vida despertar...
O colorido que quero dizer não vou te esconder,
É amor,felicidade,saúde,saudade,trabalho e respeito,
Esse colorido é pintado de cores fortes, você precisa ver,
É política,polícia,pau e pedra,poesia,palavra,Projeto Popular,
Esse colorido que quero te falar,é a bandeira LGBT!


MARA FARIAS

PROGRAMAÇÃO COMPLETA


ESTÃO TODOS CONVIDADOS PARA A FORMAÇÃO SOBRE A HOMOFOBIA EM FELIPE CAMARÃO!



AS BI,AS GAY,AS TRAVA E AS SAPATÃO TÁ TUDO ORGANIZADA PRA FAZER REVOLUÇÃO!

Enfim República: A reforma política e o financiamento de campanhas


“Os ventos do norte não movem moinhos e o que me resta é não estar vencido”
(Ney Matogrosso)


Há 43 anos Eduardo Galeano transformava em prosa a denúncia da exploração de um povo, constituía a identidade de um povo como outro de um sistema de centro bem definido e sem espaço para outros, deixava exposta, para que assim começassem a cicatrizar, as veias abertas de um continente que nasceu para “história mundial” (leia-se europeia) como periferia em que se materializavam as contradições do desenvolvimentismo moderno: a América Latina.

Aquela identidade de oprimido culminou em um momento prático de contestação a forma em que se exercia o poder nesse continente e quem tinha o direito de fazê-lo, com isso, outra categoria se redefine, se redesenha e se constitui: a política. O último período, em que o Brasil se viu em meio a um descenso das lutas de massas, mesmo após a eleição de governos populares, outros países latino-americanos, como a Venezuela, ensaiaram a democratização plena colocando como centro das discussões nacionais a questão do poder.
As portas que se abrem, com a colocação em pauta sobre a possibilidade da reforma política, principalmente com o plebiscito popular que os movimentos populares do país prometem realizar, são para trazer ao Brasil esse momento prático, colocando-o, junto com os demais países do continente, como protagonista de um processo de mudança que tem como centro as periferias dos vários sistemas contemporâneos, nesse caso, o da geopolítica mundial. A partir dessa reforma, algumas promessas históricas inacabadas voltam a ser possíveis em solo brasileiro, como o da constituição de uma república.

O homem e a mulher a partir do projeto moderno vinculado ao liberalismo tem sua plena realização na própria individualidade, concebe o homem e a mulher enquanto ser isolado livre que decidem estar em contato com os outros, ser social. Essa relação de alteridade se materializa, ainda para esse projeto, no Estado, é graças a ele que os homens e mulheres se constituem enquanto sujeitos sociais. Óbvio que tal ideologia ao ser confrontada com as relações materiais dos homens e mulheres logo sucumbe, a condição social do ser humano não é uma opção do indivíduo, mas uma necessidade evidente da produção das condições de existência, e é nessa produção que se concretiza a relação de alteridade, e não em um objeto criado pela racionalidade humana.

Desse modo, a política, em uma concepção liberal, tem como centralidade o privado, o indivíduo, desse modo, é atuação do indivíduo para atingir seus fins mais privados, nesse paradigma não é concebível que se constitua de fato uma república. No entanto, em uma perspectiva materialista, a política se manifesta na própria produção das condições de existência, no processo cotidiano de relação entre homens e mulheres, é a proximidade de maior abrangência quantitativa e qualitativa, se concretiza no próprio social e parte dele, não em uma esfera alheia produzida pelos homens e mulheres que é o Estado.

A política no Brasil vem sido assumida e praticada como uma categoria de caráter eminentemente privado, isso significa que ao agir coletivamente tem-se buscado a satisfação de interesses individuais, a ação para o todo, realmente pública, é enxergada como um favor. O poder também tem sido exercido exatamente dessa forma, como um instrumento para administrar favores, distribuir vantagens. Tal postura frente à política é fortalecida pelo próprio sistema eleitoral brasileiro mais precisamente na forma de financiamento de campanha.

A reforma política que os movimentos sociais estão reivindicando abre a possibilidade para que se rediscutam alguns pontos do sistema eleitoral, entre eles o financiamento da campanha, o que permite que o caráter da política no país seja redimensionado e que o exercício do poder se descentralize da figura pessoal do candidato, e que ele ganhe lugar, tanto de origem como de resultado, no social e não para além dele.

A política é uma dimensão da proximidade entre homens e mulheres que se revela na relação de produção da existência, por isso, é na ação pública dos homens e mulheres que ela se manifesta e se concretiza. O espaço aberto no sistema eleitoral brasileiro para que empresas possam financiar campanhas de candidatos é um desvio do próprio sentido da política, ora, esse ente imaginário não tem ação na política pela própria motivação da sua existência. 

Uma empresa age com fins claramente egoísticos, com finalidade de aferir a maior quantidade de lucro, o que não o faz por um estado de mesquinhez ou malvadeza, mas pela própria essência de sua existência. Exatamente por isso não é de se estranhar que ela compreenda o financiamento da campanha de determinado candidato como um investimento a ser retomado após eventual eleição. Não há qualquer argumento que justifique a ação política de empresas, entidades claramente fictícias, uma vez que essa ela é propriamente do humano, de seres livres que se relacionam e se lançam em proximidade.
A reforma política em curso deve permitir que o poder seja exercido não pelo econômico e sim pelo povo, assim, é preciso minar a influência do da capacidade patrimonial do individual em influenciar no resultado de eleições. Afora isso, a permissibilidade de que haja financiamento privado nas campanhas, aliado a uma concepção de exercício do poder como a administração de favores, acarreta em uma proliferação de casos de corrupção, uma vez que a ajuda na campanha é enxergada como a compra de um vale-favor, tendo certeza de que no futuro o candidato, sendo eleito, não escusará esforços para recompensar o favor passado.

É inaugurado o tempo de superar alguns problemas históricos de nosso país e de aprofundar a experiência de Democracia, assegurando que o poder seja de fato exercido pelo povo, e que todas as classes tenham possibilidades concretas de ser representados na estrutura do Estado. Adotar o financiamento exclusivamente público serviria, inclusive, para baratear as campanhas, uma vez que o controle das verbas a disposição da campanha estaria sob o controle de toda a sociedade que decidiria que tipo de campanha estaria em curso, o que, de certo modo, mina a argumentação de que tal medida acarretaria grandes custos aos cofres públicos. 

Ora, sendo o financiamento de campanha encarado como investimento, quanto não economizaríamos para os cofres públicos se minássemos as possibilidades do poder econômico influenciar nas decisões políticas do país? Quanto reais não evitaríamos que fugissem dos cofres públicos para os bolsos de banqueiros, construtores, mineradores e latifundiários? 

Não há que se questionar se o Estado tem ou não o papel de garantir a plena democracia, isso será definido pelo próprio povo nas ruas, e não há que se duvidar que tal tarefa é tão importante como garantir os direitos mais básicos dos cidadãos. É hora de superarmos a política como gestão das coisas privadas dos representantes e suas equipes para de fato adentrarmos na república, e na política como ação cotidiana dos homens e mulheres, na defesa de um projeto concreto de sociedade. É a ocasião de concretizar nossa identidade latino-americana e iniciar no Brasil o momento prático de questionarmos como se exercita o poder, colocando nas mãos do povo latino-americano as rédeas da política desse continente.



Magnus Henry da Silva Marques
Militante do Levante Popular da Juventude