Em 2012, nós do Levante Popular da Juventude executamos
uma proposta bastante ousada: realizamos ações simultâneas em várias capitais do país de escrachos aos torturadores que atuaram
na ditadura militar e continuam impunes. Essa ação foi responsável pela nacionalização do movimento, bem
como cumpriu importante papel de impulsionar a Comissão Nacional da Verdade. Carregamos desde o nascimento o orgulho de
continuar a luta de muitos que tombaram, inclusive jovens, e levantando a bandeira da Memória, Verdade e Justiça.
Reconhecemos a grande importância dos trabalhos da CNV no resgate de um
dos períodos mais obscuros da história nacional, bem como das comissões da verdade da OAB-RN
e da UFRN. Em especial esta, que hoje faz o lançamento das conclusões de seus
trabalhos por meio da publicação do seu relatório final. Por isso, parabenizamos a nossa
comissão pela dedicação no resgate e esclarecimento de passagens da história local como a morte de dois estudantes da
casa, José Silton Pinheiro (a quem
homenageamos nomeando o nosso DCE), 23 anos, e Emmanuel Bezerra dos Santos, 26 anos,
além do professor Luiz Ignácio Maranhão, afinal "um povo sem memória,
é um povo sem história" (Helena Pignatari).
Neste dia 14 de outubro de 2015, nós estudantes e toda a comunidade acadêmica desta universidade viemos aqui propagar que "Ditadura nunca
mais!", tal qual fica gravado hoje em nossa própria reitoria. Ter esses dizeres aqui afixados, mais que simbólico, se torna um necessário ato de resistência. Necessário em face das diversas manifestações
facistas que frequentemente ainda presenciamos nesse país, por pessoas que conclamam nova intervenção
militar e saúdam, pedindo o retorno de, uma passagem devastadora
da história brasileira.
Infelizmente ainda hoje sentimos as heranças
da ditadura, seja na forma truculenta com que ocorre a abordagens polícias, principalmente no campo e nas
periferias de nossas cidades - as quais deixavam desaparecidos
políticos antes, mas agora deixa vazio nos lares de milhares de jovens negros e
pobres todos os dias; seja nas
posturas autoritárias que temos observado em nossa câmara federal,
autoritária em colocar para
reapreciação votação de proposta de redução
já reprovada, contrariando
próprio regimento da câmara. Também em trazer para ordem do dia projetos que relembram os
atos institucionais da ditadura militar, como o projeto anti-terrorista, o qual
acaba por deixar a crivo de delegados e promotores determinar
a ilegalidade de condutas como manifestações, correndo o risco de
ter movimentos sociais enquadrados
nessa lei.
Além
disso, está completando um
ano que um estudante da UFRN foi brutalmente agredido por seguranças da
universidade. Não bastou videos, fotos, testemunhas, mas na pauta do CONSAD
consta a “suposta agressão sofrida por estudante”. É de se lamentar que a mesma UFRN em que se
publica como houve perseguição ideológica a estudantes na ditadura, a que tinha um órgão investigatório
- do qual nos envergonhamos(!) -, como a ASI, que fazia o patrulhamento das atividades da comunidade acadêmica, professores, servidores e estudantes; é a instituição que está
perseguindo e coagindo
jovens militantes da universidade após a ocupação da reitoria em 2014 sobre aqueles casos
de violência interna. A que instaura sindicância com posturas bastante autoritárias contra seus próprios estudantes, acusando-os pelo
"crime" de lutar por uma universidade mais democrática, com menos marcas de uma ditadura que,
dolorosamente, ainda perdura até os dias atuais! Uma violência institucional que tolhe a liberdade de uma juventude que só agora consegue se organizar, ávida por transformações que tornem verdadeira
a nossa tão suada democracia.
Mas não nos
calaremos. Diante de toda opressão institucionalizada, de
toda pressão para que entreguemos nossos companheiros de luta, de toda herança dolorosa, nós não esqueceremos e continuaremos lutando para que não se repita,
"para que não se esqueça,
para que nunca mais aconteça!"
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE - RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário