“Para
mim o utópico não é o irrealizável; a utopia não
é o idealismo, é a dialetização dos atos de denunciar
e anunciar, o ato de denunciar a estrutura desumanizante e
de anunciar a estrutura humanizante. Por esta razão a utopia
é também um compromisso histórico”.
Paulo Freire.
é o idealismo, é a dialetização dos atos de denunciar
e anunciar, o ato de denunciar a estrutura desumanizante e
de anunciar a estrutura humanizante. Por esta razão a utopia
é também um compromisso histórico”.
Paulo Freire.
A
escola é o primeiro espaço que encontramos quando saímos de casa e do meio
familiar, conhecendo novas pessoas e novas relações, um espaço que respira
liberdade, ao menos deveria ser.
Independente de serem públicas ou particulares, ambas são construídas por um processo coletivo de educação, sendo assim lugares de pluralidade e diferenças que produzem coletivamente o conhecimento.
Independente de serem públicas ou particulares, ambas são construídas por um processo coletivo de educação, sendo assim lugares de pluralidade e diferenças que produzem coletivamente o conhecimento.

Percebemos
as diferenças ao mesmo tempo em que as normas sociais tentam torna-los iguais,
naturalizando os gêneros e as orientações sexuais, a estética e a beleza,
apontando o caminho certo para os padrões sociais, estruturando assim a
opressão.
Partindo
desse espaço cheio de diferenças e opressões se faz necessário que as políticas
educacionais que compõem os planos de educação, como o municipal que está em
construção neste momento, esteja combinado com a realidade da escola e não com
os interesses fundamentalistas do congresso.
A
escola é um espaço fundamental no processo de socialização e de construção de
vínculos, que está sendo colocada em risco com o avanço do conservadorismo no
congresso, impedindo que temas centrais como gênero e diversidade não sejam
abordados no cotidiano escolar. Esse retrocesso é reflexo do atual sistema
político que não representa os interesses do povo e nem pensa numa educação popular,
que combata as opressões, contribuindo para a formação da juventude brasileira.
Somente com uma reforma política através de uma constituinte: conseguiremos
avançar na educação.
Não
é à toa que o congresso, o mais conservador desde a ditadura militar, esteja se
esforçando para impedir gênero e diversidade na escola, pois querem continuar no
comando, mantendo o patriarcado e a heteronormatividade como algo naturalizado
nas salas de aulas.
A
falta de representatividade da negritude, de mulheres e LGBT’s no sistema
político é um exemplo concreto dessa manutenção do poder, e a escola é uma das
instituições centrais nesse processo.
Por
isso, precisamos continuar ocupando as escolas e organizando os grêmios, para
que a estudantada se levante por uma outra educação. Somente com organização,
formação e luta: construiremos uma escola feminista, antirracista, colorida,
solidária e popular.
O que acontece nas salas e pátios das escolas?
Não
colocar gênero e diversidade nos planos de educação é contribuir com o processo
de invisibilização dos LGBT’s na escola. A escola não pode ser incapaz de debater e educar para o combate aos
preconceitos e violências, pelo contrário, precisa se reconhecer como um
terreno fértil de reprodução das opressões, compreendendo a sociedade em que
vivemos e apontando medidas que desconstruam esse cenário. Não estamos falando
somente de currículos pedagógicos, mas da vida da juventude! Não podemos
aceitar que a escola seja a guardiã da heteronormatividade e nem que o
preconceito faça parte do seu cotidiano.
É
nesse espaço que descobrimos que “gay, veado, sapatão, bicha, machuda, traveco”
são xingamentos e que ser diferente dos outros é algo ruim, muito ruim mesmo,
pois isso nos é dito diariamente, pelas palavras e pelas porradas. É na escola que aprendemos que usar o
banheiro no intervalo é uma tortura, que nosso nome social é algo indiscutível
para a maioria dos professores, que existem esportes ditos de homens e de
mulheres.
O
bullying torna-se terrorismo na vida da estudantada e ir para a escola é um
desafio diário, é um sofrimento que silencia e afasta o estudante da educação.
É comum ouvir falar da “evasão” de travestis e transexuais nas escolas, como se
fosse algo natural ou inevitável, mas na verdade o que ocorre é a “expulsão”
delas e deles pela falta de uma política de combate ao preconceito, inclusão e
permanência dos LGBTs nas escolas.
A
evasão de um estudante que precisa deixar a escola para trabalhar e ajudar em
casa não é a mesmo de um estudante que deixa a escola por não conseguir estar
na sala de aula sofrendo LGBTfobia.
É partindo dessa realidade que queremos uma educação discutindo gênero e
diversidade na escola, por entender que qualquer jovem tem o direito de estudar
e ser quem é. Precisamos de uma escola que não reproduza o preconceito e a
violência, mas o respeito e a solidariedade. Queremos que o Brasil deixe de ser
um dos países que mais mata LGBT’s no mundo. Queremos outra sociedade livre das
opressões e dos valores do capital, por isso ousamos lutar por outra educação:
construindo o poder popular rumo à revolução.
José Lima - Levante Popular da Juventude RN
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